segunda-feira, 4 de abril de 2011

DISCIPULO

Discípulo, quem é?

Geralmente, entende-se discípulo aquele que anda com o mestre, que aprende com ele, segue as suas doutrinas, sua ideologia e as defende, tornando-se adepto dele.

“É o que tem contato direto com o mestre. O aprendiz, o aluno que se dispõe a seguir o trabalho de seu mestre, que se compromete a tornar-se um seguidor dos ideais de seu mestre. Exemplificando: cada um dos apóstolos seguidores de Jesus.” (Houaiss).

“Do latim discípulo. Aquele que recebe ensino de alguém. Que aprende. Aquele que aprende ou estuda qualquer disciplina; aluno. Aquele que segue as idéias ou doutrinas de outrem.” (Aurélio).

Às vezes ate adquiri hábitos de condutas do mestre, observando, inclusive, a forma de falar.

Todavia, é possível uma pessoa tornar-se discípulo de outrem, não tendo contato direto com ele?

Qual a diferença entre os discípulos de Jesus que tiveram contato com Ele, e dEle receberam ensinamentos, daquelas pessoas que, muito, posteriormente, ouviram falar de Jesus e se tornaram seu seguidor?

O conceito de discípulo se aplica no último caso citado de forma plenamente eficaz?

Será que não existe diferença conceitual entre os dois casos?

Vejamos.

Os discípulos de Jesus tiveram contato direto com Ele. Com Ele também andaram, navegaram, pescaram, alimentaram-se juntos, descansaram, ouviram a sua voz, regozijaram-se e também tiveram momentos de insatisfações.

Já os adeptos do futuro não andaram com Ele, e nem tiveram qualquer participação daqueles atos que os apóstolos vivenciaram, inclusive, Paulo, no caminho para Damasco. E nem se tem notícias concretas de ter Jesus se manifestado a alguém como ocorreu com Paulo, o apóstolo; exceto o princípio analógico referente à questão espiritual de andarmos com Jesus que significa tê-Lo na mente; navegar é viver na nau da palavra dEle; pescar é ir em busca de almas descrentes; se alimentar é digerir a Palavra de Deus; regozijar-se é se alegrar com as coisas pertinentes a Deus; e tornar-se insatisfeito é desagradar a Deus, rompendo com a harmonia interior. Porem existe uma insatisfação que agrada, e, muito, a Deus: é tornar-se insatisfeito com a injustiça praticada no mundo, e também o fato da pessoa odiar o pecado que domina o mundo. Como disse o apóstolo: “Não ameis o mundo, nem as coisas que há no mundo.Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele.” (1 Carta de João, cap. 2:15).

E o que é amar o mundo?

- O amor ao mundo refere-se ao apego às coisas do mundo. Os prazeres da vida, os encantos que o mundo oferece e a eles as pessoas se prendem de tal sorte que, muitas das vezes lhes falta forças para se livrar. Um exemplo bem prático refere-se à diversão, o lúdico, a que a pessoa se apega tanto que termina por abandonar o sagrado, a contemplação pela conversa com o ser superior (Deus) através da oração. E no tocante ao fazer alguma coisa para agradar a Deus, não sente essa vontade, visto que a sua satisfação, o seu prazer está voltado para a solicitude da carne.

Os adeptos posteriores aos apóstolos não tiveram contato direto com Jesus. Neste caso pode-se considerá-los discípulos? Ou será que é apenas um simpatizante da doutrina que seguem?

Há obrigatoriamente necessidade de um discípulo ter contato direto com o seu mestre, ou não?

A meu ver o discípulo anda e ouve a voz do seu mestre, e também o imita na sua forma de viver, como aconteceu com Elias e Elizeu. Este o admirava tanto, que pediu a Deus porção dobrada do espírito de Elias, sinal que marcou Eliseu como herdeiro e sucessor de Elias (2 Reis 2). Após o desaparecimento de Elias, mostrou Eliseu ter sido favorecido com os dons de profeta. (Buckland).

Outro exemplo categórico aconteceu com Paulo, o apóstolo, e Timóteo. Este foi companheiro do primeiro, tornando-se leal e estimado cooperador de Paulo nos trabalhos da Igreja de Filipos e Tessalônica (At. 17.14); Beréia (At. 17.13, 14); Éfeso (At. 19.22); Macedônia e Acaia (At. 19.22); Corinto (1 Co. 4.17) e Ásia (At. 20.4) (Idem).

E quanto aos que não andaram com o seu mestre, seja ele qual tenha sido?

Creio serem apenas simpatizantes e seguidores (adeptos), e não discípulo propriamente dito, - são, na realidade, apenas defensores de uma causa, e a ela se ajustaram como ocorre com os ensinamentos de Jesus, que possuem a capacidade de transformação e regeneração do ser humano, pelo que este passa a ter um novo estilo de vida, segundo as regras sagradas absorvidas e observadas. Já nas doutrinas humanistas, quando há alguma transformação de pensamento e ações, o que também podem ocorrer, mas não implica na regeneração do velho homem que continua inalterado, precisando impreterivelmente da ação regeneradora de Deus pela Sua Palavra. Por via de conseqüência, esses adeptos, e não discípulos tornaram-se seguidores; sem, contudo, terem vivido cotidianamente ao lado do mestre.

Por outro lado está escrito: “Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária.” (Atos dos Apóstolos, cap. 6.1).

Indagamos pois: aumentaram os discípulos ou os seguidores? Será não tenha havido um equívoco na tradução do original para o Português? Essa tradução está correta?

“Mas de um modo preeminente se dá a qualidade de discípulo, ou em geral aos que seguiam Jesus Cristo (Mt. 10.42). (Almeida).

Hoje, porém, seguimos a doutrina cristã, mas não andamos com Cristo, visto que Ele está nos Céus, e nos aqui na Terra. Somos seguidores do caminho, adeptos do Evangelho de Cristo e defensores dele. Andamos segundo os seus ensinamentos.

Porém, ressalta-se que andar com Cristo significa andar em espírito com Ele, e não ao lado dEle, como pessoa material fosse.

Jeová Santos